A Bíblia diz que Deus nos falou. Nossa religião nos diz que Deus ainda nos fala. Falou diretamente a Moisés e outros patriarcas. Falou por intermédio de mensageiros e anjos. Falou por meio de profetas. Falou por meio de Jesus de Nazaré. Fala pela sua Igreja.
Se não acreditamos nisso, então não há motivo para seguir uma religião. Praticamos religião também para ouvir e sentir o que Deus faz nos outros. Se, para crermos nele, exigirmos que nos fale pessoalmente, estaremos dizendo a Deus que, se tem algo a nos dizer, diga pessoalmente.
Deus não aceita condições, nem temos o direito de impô-las. Se Ele falou e fala é porque quer e porque nos ama. É impensável um Deus que não ame nem se comunique. Mas é impensável alguém crer em Deus e exigir que se comunique do jeito que queremos ouvi-lo.
Ninguém manda em Deus. Podemos crer ou não crer que Ele de fato falou a Abraão e Moisés. Podemos dizer que é tudo lenda, ficção, pedagogia. Acharam que o ouviram, mas Ele não falou... Nossa Igreja diz que Deus fala e que a fé consiste em procurar ouvi-lo. Se você manda recados por razões suas, Deus também o faz.
Os israelitas, assustados com os sinais de Deus, disseram a Moisés: "Da próxima vez, fala-nos tu". Tiveram medo. O desconhecido os assustava. Então alguém que não se assustava falou do desconhecido. Nunca ouviremos a voz de Deus soprando nos nossos ouvidos. É com os ouvidos do coração que se ouve a Deus. E é preciso ler sua mensagem com os olhos do coração. Se você acha que uma mensagem como a do filho pródigo não vem de Deus, então de quem ela viria?
Jesus falou em nome de Deus a quem Ele conhecia profundamente. E quem ouve Jesus tem mais chances do que quem o ignora. Jesus é paz. Nós católicos achamos que nossa Igreja fala em nome de Jesus. Vale a pena ouvir a voz de Deus nos acontecimentos. A Igreja ensina a ler e ouvir essa voz. Só ela é mãe e mestra. Eu nunca ouvi Deus me falando, mas tenho certeza de que Ele me fala. E um dos mensageiros mais fortes é a minha Igreja.