Vou pelas ruas Vejo as flores solitárias Sobre os muros O futuro passando veloz pela avenida E a vida exposta Suplicando na esquina. A velha na janela Olhando distante Na direção do que já foi! Os bêbados no bar da praça Babando álcool e fantasia O copo feito taça Erguido em brinde Nas mãos desses heróis De tantos nadas! No banco cinzento Um casal de jovens Ensaia no corpo O que vai ditando O coração em chamas. Na rua principal Lá vêm as crianças Voltando da escola Rindo da cola e dos dentes Da professora exigente Enquanto disputam um resto de sorvete De infância com morango. Que lindo seria essa nossa rua! Que bem poderia ser sempre O espaço e o caminho O palco e o abrigo Da vida, da flor Da passeata da festa Da feira, da livre alegria... Que lindo seria!
Zé Vicente, do livro: "Tempos urgentes - poemas", Paulinas Editora.