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Segunda-feira, 05 de Maio de 2025
Paulinas - A comunicação a serviço da vida

Evangelho do dia 06/03/2022

1º Domingo da Quaresma - Ano C - Roxa
1ª Leitura: Dt 26,4-10 Salmo: Sl 91(90) - Ele me invocará, e lhe darei resposta. 2ª Leitura: Rm 10,8-13
evangelho
Não porás à prova o Senhor, teu Deus - Lc 4,1-13

Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do rio Jordão e, no Espírito, era conduzido pelo deserto. Ali foi posto à prova pelo diabo, durante quarenta dias. Naqueles dias, ele não comeu nada e, no final, teve fome. O diabo, então, disse-lhe: “Se és o Filho de Deus, manda que esta pedra se transforme em pão”. Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Não se vive somente de pão’”. O diabo o levou para o alto; mostrou-lhe, num relance, todos os reinos da terra, e lhe disse: “Eu te darei todo este poder e a riqueza destes reinos, pois a mim é que foram dados, e eu os posso dar a quem eu quiser. Portanto, se te prostrares diante de mim, tudo será teu”. Jesus respondeu-lhe: “Está escrito: ‘Adorarás o Senhor teu Deus e só a ele prestarás culto’”. Depois, o diabo levou Jesus a Jerusalém e, colocando-o no ponto mais alto do templo, disse-lhe: “Se és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo. Pois está escrito: ‘Ele dará ordens aos seus anjos a teu respeito para que te guardem’, e ainda: ‘Eles te carregarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’”. Jesus, porém, respondeu: “Também foi dito: ‘Não porás à prova o Senhor, teu Deus’”. Terminadas todas as tentações, o diabo afastou-se dele até o tempo oportuno.

Bíblia Sagrada, tradução da CNBB, 2ª ed., 2002.
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Oração Inicial

Liturgia do 1º Domingo da Quaresma. Jesus é conduzido ao deserto, lugar de tentação, e posto à prova durante 40 dias. O mesmo Espírito que fez Jesus sair para o deserto também nos conduz e nos fortalece na nossa caminhada quaresmal.


Rezemos: “Vem, Espírito Santo! Faze-nos amar as Escrituras, para reconhecermos a voz viva de Jesus. Torna-nos humildes e simples, a fim de compreendermos os mistérios do Reino de Deus. Amém.”

Leitura (Verdade)

Leia o texto acolhendo cada palavra em seu coração. Leia-o novamente com calma, fazendo pequenas paradas para repetir as palavras que mais lhe chamaram a atenção durante a leitura. Qual é a temática do texto? Quais são as palavras ditas por Jesus? O que nos lembra o deserto? Qual é a experiência que Jesus vive no deserto?

Evangelho: Lc 4,1-13 Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do rio Jordão e, no Espírito, era conduzido pelo deserto. Ali foi posto à prova pelo diabo, durante quarenta dias. Naqueles dias, ele não comeu nada e, no final, teve fome. O diabo, então, disse-lhe: “Se és o Filho de Deus, manda que esta pedra se transforme em pão”. Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Não se vive somente de pão’”. O diabo o levou para o alto; mostrou-lhe, num relance, todos os reinos da terra, e lhe disse: “Eu te darei todo este poder e a riqueza destes reinos, pois a mim é que foram dados, e eu os posso dar a quem eu quiser. Portanto, se te prostrares diante de mim, tudo será teu”. Jesus respondeu-lhe: “Está escrito: ‘Adorarás o Senhor teu Deus e só a ele prestarás culto’”. Depois, o diabo levou Jesus a Jerusalém e, colocando-o no ponto mais alto do templo, disse- lhe: “Se és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo. Pois está escrito: ‘Ele dará ordens aos seus anjos a teu respeito para que te guardem’, e ainda: ‘Eles te carregarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’”. Jesus, porém, respondeu: “Também foi dito: ‘Não porás à prova o Senhor, teu Deus’”. Terminadas todas as tentações, o diabo afastou-se dele até o tempo oportuno.

“ Jesus nos chamou para sermos seus discípulos e missionários. Ele partilhou conosco sua missão. Ele nos inspira, pois foi o filho fiel à vontade do Pai. No entanto, experimentamos nossa fraqueza, nossas debilidades. E, olhando para Jesus, o vemos também sendo tentado. As forças do mal, representadas no diabo, o quiseram desencaminhar de sua missão. As tentações de Jesus podem ser nossas também. A primeira tentação foi querer resolver os problemas com seu poder divino. A segunda tentação foi fazer aliança com o mal para ter poder e riqueza. A terceira tentação foi querer obrigar Deus a agir em seu favor. Jesus rejeitou essas três tentações e todas as que poderiam desviá-lo do seu caminho.” (Viver a Palavra – 2022. Pe. João Carlos Ribeiro - Paulinas Editora).

Meditação (Caminho)

Jesus também teve que enfrentar o deserto, lugar difícil, exigente e de purificação. Teve que enfrentar as tentações que a condição humana nos põe e diante das quais temos o pleno domínio de nossa liberdade. Jesus nos dá a grande lição de como não nos deixar instrumentalizar, mas responder com fidelidade à Vontade do Pai.
Jesus fez sua escolha, e espera que façamos nossa escolha de discípulos seus.

Oração (Vida)

ORAÇÃO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2022 Pai Santo, neste tempo favorável de conversão e compromisso, dai-nos a graça de sermos educados pela Palavra que liberta e salva.
Livrai-nos da influência negativa de uma cultura em que a educação não é assumida como ato de amor aos irmãos e de esperança no ser humano.
Renovai-nos com a vossa graça para vencermos o medo, o desânimo e o cansaço, e ajudai-nos a promover uma educação integral, fraterna e solidária.
Fortalecei-nos, para que sejamos corajosos na missão de educar para a vida plena em família, em comunidades eclesiais missionárias, nas escolas, nas universidades e em todos os ambientes.
Ensinai-nos a falar com sabedoria e educar com amor! Fazei com que a Virgem Maria, Mãe educadora, com a sabedoria dos pequenos e pobres, nos ajude a educar e servir com a pedagogia do diálogo, da solidariedade e da paz.

Contemplação (Vida e Missão)

O Evangelho é a proposta de Jesus para toda a humanidade. Renove sua fidelidade a esta proposta com alguma atitude concreta de verdadeiro discípulo(a) de Cristo.

Bênção

Benção especial da Quaresma
- Deus Pai de misericórdia, conceda a todos, como concedeu ao filho pródigo, a alegria do retorno a casa. Amém.
- O Senhor Jesus Cristo, modelo de oração e de vida, nos guie nesta jornada quaresmal a uma verdadeira conversão. Amém.
- O Espírito de sabedoria e fortaleza nos sustente na luta contra o mal, para podermos com Cristo celebrar a vitória da Páscoa. Amém.
- Abençoe-nos, Deus misericordioso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.

Ir. Carmen Maria Pulga

Quaresma é tempo de renovar o compromisso da fé. Em Dt 26,4-20, a memória da história do povo está na mente dos fiéis que, agora na abundância, nunca esquecem de que foi Javé quem os libertou e lhes deu terra. Isso resultou no credo histórico que era repetido todos os anos, na primavera, ao se colherem os primeiros frutos. O povo sempre lembrava que a libertação do Egito e a conquista da terra são dons de Deus. Por outro lado, pela generosidade da oferta das primícias, o povo se despoja da ganância. Gratidão a Deus passa pelo reconhecimento e pelo bolso. Assim, sempre se lembra de que tudo vem de Deus e a ele pertence. Sendo grato (oferta das primícias), professando a fé (credo histórico), o fiel se prostra diante de Javé. A fé verdadeira leva o fiel a adorar, a professar e a agir com seus bens. Esses frutos depois eram colocados como alimento dos levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas (vv. 11-13). Deus é honrado pela gratidão, pela profissão de fé, pela adoração, mas principalmente pela partilha com os pobres. Todo culto adquire sentido quando resulta em partilha com os menos favorecidos. Em Rm 10,8-13, o credo cristão central é o de que Deus ressuscitou Jesus dos mortos; por isso, ele é o Senhor, dele provém a salvação como graça, não pela observância da Lei, como se acreditava no AT. Essa fé proclamada pela boca vem do coração (crendo no coração). Tal fé proclamada leva à universalidade: todos, judeus e gregos, encontram em Deus o generoso salvador. O cristão, como outrora o judeu, deve professar com a boca e com o coração, isto é, com a vida toda e chegar a todos os povos: judeus e gregos, sem distinção (missão). No relato de Lc 4,1-13, mais que uma crônica histórica, deve-se ver uma interpretação teológica da pessoa de Jesus à luz do AT. Ninguém pode ficar 40 dias sem comer e só depois sentir fome. O número 40 lembra os quarenta anos no deserto (Ex 16ss), Moisés no monte (Ex 24,18; Dt 9,9) etc. Logo depois do batismo de Jesus (Lc 3,21-22), Lucas põe a genealogia do Mestre (3,23ss). Saindo da água, como outrora os escravos do Egito (Ex 14), Jesus também é tentado quanto à comida (Ex 16). Transformar pedra em pão é ter acúmulo de alimentos. O antigo povo acumulou o maná que apodreceu (Ex 16,20). Jesus, fiel a Deus, não quer acumular comida, pois ela é de todos. A segunda tentação: ser dono do mundo também encontra paralelo no povo do deserto (Ex 18), quando Moisés se tornou novo faraó, acumulando poder, tornando-se assim opressor. Jesus poderia dominar, pois até queriam torná-lo rei (Jo 6,15), mas, se assim agisse, estaria na lógica do opressor (Mc 10,42-45). A terceira tentação reflete Ex 32: o bezerro de ouro, ou seja, ter um deus fácil. Ao invés de se tornar servo de Deus, queria usar Deus como seu servo. É um deus sem exigências. Onde o velho Israel caiu, Jesus, o novo Israel, permaneceu firme. O que falhou no AT se realizou plenamente na pessoa de Jesus. Estas três tentações marcam a história da humanidade: acúmulo de comida, de poder e uma religião sem compromissos, com um deus do tamanho dos interesses dos fiéis. Nesta Quaresma, cada irmão, cada irmã, confronte-se com Jesus: como cada um, cada uma, posiciona-se diante dos bens, do poder e de Deus?

Frei Bruno Godofredo Glaab, ‘A Bíblia dia a dia 2022’, Paulinas.