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Sexta-feira, 29 de Março de 2024
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Data comemorativa do dia 19 de abril
Dia do Índio
Dia do Índio
Agência Brasil

A população original de índio foi estimada em, aproximadamente, cinco milhões. De acordo com dados do IBGE, em 2008, eram aproximadamente 358 mil índios em todo o território brasileiro. Embora esse registro aponte para o dobro de seu crescimento em relação à população brasileira, é insatisfatório, pois restaram 215 etnias, das 1.400 existentes, e 180 línguas, das 1.300 faladas antes. Hoje, os índios brasileiros estão espalhados por áreas protegidas pelo governo, as quais são constantemente ameaçadas por posseiros, fazendeiros e exploradores, num aberto desrespeito à legislação vigente.

A população dessas sociedades é muito variável; há grupos relativamente numerosos (terenas, ticuna, guaranis, caingangues, ianomâmis e guajajaras) e outros menos numerosos (jumas, aricapus, ofaciés-xavantes, avás-canoeiros), estes seriamente ameaçados de desaparecimento, pois sua população atual é de apenas algumas pessoas.

Na década de 1950, a classificação das tribos indígenas seguia o conceito das "áreas culturais", criado pelo antropólogo Eduardo Galvão, que agrupava as culturas por regiões geográficas específicas. No Brasil, foram classificados em 11 áreas culturais: Norte-Amazônica; Juruá-Purus; Guaporé; Tapajós-Madeira; Alto-Xingu; Tocantins-Xingu; Pindaré-Gurupi; Paraná; Paraguai; Nordeste e Tietê-Uruguai.

Hoje, essa divisão só é utilizada didaticamente. Cientificamente a divisão que usa a classificação linguística, utilizando o conceito de "áreas etnográficas", do antropólogo Júlio Cezar Melatti, é a mais correta, pois considera o meio ambiente e a relação do contato social que as tribos estabelecem entre si e com as nacionais, observando as diferenças encontradas no idioma falado, para dividi-las em troncos ou famílias. Foram estabelecidas 33 áreas etnográficas, na América do Sul.

No Brasil, foram encontrados os troncos linguísticos dos povos tupis, jês e aruaques. O primeiro, originou os tupis-guaranis, munducurus, jurunas, ariquéns, tuparis, mondés, rumaramas, e puruborás. O segundo, os camacãs, maxacalis, coroados, cariris e bororos. E o terceiro, menor, os aruaques e aravaques. Todas essas tribos falam, pelo menos, duas línguas e dois dialetos diferentes.

As tribos não identificadas como ramificações das acima citadas e que se mantiveram como troncos únicos são os caribes, panos, macus, ianomãs, muras, tucanos, catuquinas, txapacuras, nambiquaras e guaicurus. Além disso, uma minoria que não pôde ser classificada, pois fugiu aos padrões linguísticos estabelecidos, permaneceu como tronco isolado.

Em 19 de abril de 1940, o I Congresso Indigenista Interamericano, reunido no México, instituiu o Dia Pan-Americano do Índio. No Brasil, esse dia foi oficializado graças ao empenho do Marechal Rondon, em 1947. Em São Paulo, passou a ser comemorado apenas em 1951.

De origem indígena, Rondon estimulou a criação do Serviço de Proteção ao Índio (SIP), atual FUNAI, cuja responsabilidade é preservar nossa memória cultural e, sobretudo, preservar a cultura indígena. Sua tarefa principal é promover a educação básica dos índios, demarcar, assegurar e proteger as terras por eles tradicionalmente ocupadas, estimular o desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre os grupos indígenas, defender as comunidades indígenas, despertar o interesse da sociedade nacional pelos índios e suas causas, gerir o seu patrimônio e fiscalizar as suas terras, bem como impedir as ações predatórias dos aproveitadores e outras que ocorram dentro de seus limites e representem um risco à vida e à preservação desses povos.

Iniciativas como essa, em legítima defesa dos sofridos povos indígenas, são cada vez mais raras em nosso tempo. Durante as festas do cinquentenário do descobrimento do Brasil, em 2000, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) decidiu que a Campanha da Fraternidade seria ecumênica; o tema "Dignidade humana e paz " e o lema "Novo Milênio sem exclusões" abriram as portas para o amplo debate social sobre o índio brasileiro. Nas comemorações dos 500 anos do descobrimento das Américas, em 2002, o tema da Campanha foi mais contundente: "Povos indígenas - por uma terra sem males", uma justa e grata homenagem aos verdadeiros "proprietários" da terra chamada por eles de Pindorama.

Retirado do livro: 'Datas Comemorativas cívicas e históricas', Paulinas Editora.