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Sexta-feira, 19 de Abril de 2024
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Santo do dia 28 de março
São Gontrão
Rei da Burgúndia ou Borgonha (+529)
São Gontrão
Rebeca Venturini / FC

Os francos emergem dos anos de trevas da primeira Idade Média com o rei Clóvis (482-511), que conseguiu eliminar o parco domínio romano na Gália. Graças à influência da mulher, a princesa burgúndia Crodechildes (Santa Clotilde), católica fervorosa, Clóvis possibilitou que todos os seus soldados fossem batizados pelo bispo São Remígio, depois de haver vencido os alamanos e os próprios burgúndios, aumentando, assim, os limites do reino, que, com sua morte, foi dividido entre os quatro filhos.

A Gontrão coube a própria terra dos burgúndios. Os outros irmãos, em guerra uns com os outros, acabaram por eliminar-se reciprocamente. Apenas Gontrão sobreviveu, por se ter dedicado mais aos prazeres da vida do que à espada.

Sua conduta não foi exemplar. Repudiou a primeira esposa – culpada de ter-lhe dado apenas um filho, natimorto –, e a segunda não teve melhor sorte, bem como a terceira, Austrechildes, que caiu em desgraça quando os dois filhos morreram em tenra idade.

Era grande a tentação de mudar de novo de mulher, mas, convencido de que a morte havia batido repetidamente à sua porta por causa dos seus pecados, Gontrão mudou radicalmente de conduta. Adotou o sobrinho Childelberto, escolheu como capital do reino a cidade de Chalon-sur-Saône, promoveu a evangelização dos territórios do Jura, fundou igrejas e mosteiros em vários lugares e favoreceu os estudos, instituindo as primeiras escolas nas proximidades dos mosteiros.

Passou a respeitar os direitos da Igreja, sem jamais se intrometer na nomeação dos bispos, mas convocou seis concílios regionais para promover algumas reformas. Dedicou-se pessoalmente a socorrer seu povo, afligido por repetidas pestes e pela fome, e ofereceu-se a Deus como vítima de expiação por seus próprios pecados e pelos dos outros. Parecia ter vestido o hábito monacal, por conta da assídua frequência ao Mosteiro de São Marcelo de Chalon. E tudo isso lhe valeu a auréola de santidade.

Retirado do livro: 'Os Santos e os Beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente', Paulinas Editora.